Parte 2 Três meses depois, quando já estava tudo calcificado e cicatrizado, o médico me liberou para treinar. Começava então minha guerra interna, com meu corpo e mente. Por diversas vezes, eu sai da academia chorando pela tentativa frustrada de tentar fazer uma sombra de boxe, movimentos simples para qualquer lutador, e não conseguir por conta da dor e rigidez no local. Pensei em desistir por diversas vezes, mas sabia que tinha que vencer minha batalha particular. Fiz de tudo para voltar em alto nível, lutando contra meus maus pensamentos, que me diziam 'você já era'. Eu ia todos os dias até academia, mesmo que fosse pra treinar por 10 minutos ou ficar apenas olhando o treino. Foquei, a vontade de vencer foi maior que o medo de perder e fui melhorando. Então, tive uma grande inflamação sacroilíaca, uma espécie de efeito colateral da cirurgia de artrose, que limitava meus movimentos. Eu mal conseguia abaixar para calçar os sapatos. Voltei ao médico e ele disse que não seria difícil resolver meu problema. Seria necessário fazer uma denervação por rádiofrequência na articulação. Dentro da sala para fazer tal procedimento, recebi o convite do UFC para lutar em Porto Alegre. Perguntei ao médico na mesma hora se poderia aceitar. Ele me deu o 'ok', desde que eu me sentisse bem diante de tudo que eu havia passado. Aceitei ali mesmo o desafio, dentro da sala de cirurgia. Daquele dia em diante, foquei ainda mais nos treinos, dei o meu melhor na fisioterapia, na dieta, descanso e nos treinamentos. Foi um grande aprendizado. Cheguei bem para o combate, bem treinado e sem nenhuma limitação. Não venci a luta dentro do octógono, mas venci fora dele.